quarta-feira, agosto 03, 2016

MARCIA TIBURI: Prótese da fé
Para pensar a fé no capitalismo

A racionalidade ocidental nunca foi ingênua. Seu projeto estabeleceu-se na história como projeto de poder. A participação da filosofia se deu no estabelecimento do princípio de identidade que, desde Aristóteles, funciona como núcleo de toda lógica, toda ética e toda política. O princípio de identidade que reduz o Outro ao eu, o diferente ao mesmo, forjou-se também em contato íntimo com a teologia judaico-cristã – com a ideologia de um Deus único, fruto de um pensamento único e absoluto – comprometida até o fim com a negação do Outro, inclusive a negação de Cristo que, em si mesmo, afirmava o Outro. Esse compromisso se deu em função de seu casamento com o poder e sua versão econômica, reducionista e fria que é o capital, o absoluto que tudo submete e subjuga.

EDIÇÃO 213 DA REVISTA CULT.
http://revistacult.uol.com.br/home/2016/06/protese-da-fe/