sexta-feira, dezembro 09, 2011


DEZ IX - II


Caro Poeta, quando te leio, a angústia dolorida

Que te preenche a existência e que em teu coração impera,

Faz-me também sofrer e da alma se apodera,

Como se de dentro de mim ela fosse nascida.

Sinto o que sentes: ora a lágrima sincera

Que foi pela saudade ou pelo amor vertida,

Ora a tristeza, que habita em tua alma, — guarida

Onde a negra legião se aglomera...

Não há nesses versos um sentimento alheio

A dor; neles se encontra a aspereza das pragas;

Há neles ora as ondas do radar de como veio

o morcego, ora a queixa harmônica das águas.. .

Leio os teus poemas; e, em minha alma, quando, os leio,

Vão gemendo, em surdina, a melodia das mágoas. . .